Jerusalém foi destruída, os judeus foram dispersos, e a promessa era que
não haveria mais outro tempo de angústia, mas muitos ainda esperam
outro, como veremos no texto abaixo. Mas é uma esperança biblicamente
infundada.
“Quando virdes Jerusalém cercada pelos exércitos, entendei que se
aproxima a sua desolação”. “Então, os que estiverem na Judéia fujam para
os montes, os que estiverem no meio da cidade retirem-se, quem estiver
nos campos não entre nela, porque dias de vingança serão esses, para que
se cumpra tudo o que está escrito”. Ora o Senhor fala do fim do antigo
Israel, ora das perseguições à Igreja, ora do fim dos tempos” (Domingos
Oliveira Medeiros, Verdades e Enganos do Amigo João de Freitas).
ORA, ORA, ORA!
Já encontrei tal versão em textos de vários colegas. Mas nenhum dos
outros chegaram a aplicar as palavras a três fatos distintos.
O livro de Daniel fala de um assolador que viria e destruiria a cidade santa,
trazendo "um tempo de angústia tal qual nunca houve, desde que
existiu nação até aquele tempo” (Daniel, 12: 1). Depois
dessa tribulação, viria o reino da justiça eterna.
Os evangelistas Mateus e Lucas, que escreveram já no período de
dispersão dos judeus, afirma que Jesus teria dito que aquele período,
chamado “tempos dos gentios”, ocorreria uma única vez, isto é, “igual
nunca houve nem haverá jamais”. Depois da tribulação daqueles dias, que
deveria durar mil duzentos e sessenta dias, ocorreria o escurecimento do
Sol e da Lua e a queda das estrelas, vindo a seguir o próprio Jesus com
seus anjos para juntar seus escolhidos em toda a Terra. Esses dados
estão bastante detalhados em ÚLTIMA SEMANA DE DANIEL. Em nenhum texto
bíblico me parece sequer subentendido haver três chamados “tempo de
angústia”, “tempos dos gentios” ou “grande tribulação”, mas um período
único.
Veja:
“Ora o Senhor fala do fim do antigo Israel” - O livro de Daniel falava
que a cidade santa seria destruída e haveria o tempo de angústia e
depois viria o reino divino. O apocalipse acrescenta uma nova Jerusalém
vinda do céu.
“ora das perseguições à Igreja” – A Igreja, grego “eklesia”=povo, que se
formou de um grupo de judeus e se espalhou entre outros povos,
participou da mesma perseguição. Tanto judeus, quando grego, quanto
romanos que professassem o cristianismo estariam na mira dos romanos;
porque Jesus seria o libertador de Israel do poderio romano.
“ora do fim dos tempos” - Fim dos tempos não seria mais do que poucas
coisas após a tribulação daqueles dias; escurecimento do Sol e da Lua,
queda das estrelas e a volta do Cristo. Tudo se resumiu na mesma
cronologia.
Como eu disse no artigo ÚLTIMA SEMANA DE DANIEL, a interpretação de que
seria mil duzentos e sessenta anos em lugar de mil duzentos e sessenta
dias colocava o fim no século XIV. Se fosse literalmente mil duzentos e
sessenta dias, aí é que as coisas estariam mais fora da realidade ainda.
Embora a grande tribulação do livro de Daniel seja referência ao período
de opressão dos judeus por Antíoco IV, os livros de Mateus e Marcos
consideravam, como grande tribulação que precederia a volta de Jesus, o
período iniciado com o cerco e destruição de Jerusalém, sobre o que
Mateus e Lucas não deixa dúvida. Assim, o domínio papal como grande
tribulação já é outra idéia fora dos contextos bíblicos. E, de qualquer
forma que se interpretar, não é possível esperar novo tempo de angústia
como várias igrejas esperam, e não há como justificar o mundo continuar
como está. A teoria de três tempos de angústia é apenas uma tentativa de
negar que as profecias não se cumpriram. "uma tribulação tão grande,
como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem jamais
haverá" não poderia ser três, mas somente "uma".